História oral de artistas visuais brasileiros com perspectivas decoloniais: memórias, poéticas e marcas sensíveis da subjetividade

Pesquisador(a) principal

Daisy Perelmutter

A pesquisa insere-se no debate sobre o estatuto epistemológico da história oral, produção de memória social e processos de produção de subjetividade, articulação com a qual estou engajada há mais de 35 anos. A ideia é coletar e reunir memórias de artistas visuais brasileiros que vêm desenvolvendo trabalhos a partir de perspectivas decoloniais. O objetivo é lançar luz sobre a relação que estabelecem com a ancestralidade e com a ideia de futuro; o grau de porosidade às múltiplas matrizes culturais; a organicidade entre as práticas artísticas e as práticas cotidianas; a combinação entre as urgências da denúncia diante de um histórico de subalternização e a construção de poéticas singulares; a função do artista nos territórios e comunidades; a relação entre mente, corpo e a noção de território; o atravessamento das pautas identitárias no processo de criação artística e a própria ideia de decolonialidade como uma diferença em relação a marcadores culturais coloniais, entre outros questionamentos a serem deflagrados pela própria investigação. Ao reunir memórias de artistas que, de certo modo, resistem e afrontam a lógica colonial –capitalista- patriarcal, através das suas existências, práticas, ideias e produções artísticas, problematiza-se também o alcance e limites do próprio método baseado em entrevistas como dispositivo mnemônico.

Os sujeitos de pesquisa deste trabalho são artistas visuais brasileiros originários de várias regiões do país (muitos advindos de contextos periféricos) e expoentes de diferentes gerações, que vêm buscando de modo sensível pensar e articular sua produção artística-estética a partir de dimensões, experiências, práticas, repertórios, cosmologias, valores dissonantes em relação à racionalidade ocidental eurocêntrica. Ainda que alguns deles tenham conquistado grande reconhecimento internacional e por extensão, nacional, no circuito hegemônico das Artes plásticas, como é o caso de Dalton Paula, que abrirá ao final de julho uma exposição individual no MASP, intitulada Retratos Brasileiros, e tem algumas de suas obras recentemente integradas à coleção do Museu de Arte Moderna de Nova York (MOMA), eles se constituíram como artistas e pensadores reverenciando suas cartografias de origem, com forte compromisso com a reparação de faltas históricas e denúncia da hierarquização social e racial as quais estão submetidos os corpos negros, indígenas, periféricos.

Tipo de pesquisa

Livre

Financiamento

Não há

Ano de início

2022

Resultados da pesquisa

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